As ciclovias não são tão respeitadas quanto deveriam. Neste artigo, trazemos uma reflexão sobre as ciclovias que se tornaram "calçadas de fachada" para alguns pedestres.
Casa Cor tem uma sede nova. Renovou toda a calçada e fez um lugar muito bonitinho pra se andar, um exemplo pra cidade. Do que isso adianta se a mentalidade de quem usa não é essa?
A ideia inicialmente era falar um pouquinho da grande iniciativa da nova calçada da Casa Cor e elogiar. Realmente, continuo achando um projeto sensacional de arquitetura e urbanismo. Louvável do ponto de vista estético e de cidadania
Muita gente não sabe, mas o dever de manter a calçada bem cuidada e nivelada é do proprietário do imóvel. Nada mais justo que a CasaCor, uma mostra de arquitetura, fazer isso da maneira mais “arquitetônica” possível e com um toque the Smart City (Além de todo verde exuberante, o projeto possui soluções inovadoras, materiais e sistemas construtivos que facilitam a drenagem e o reúso de água nas cidades).
Agora, a discussão vai um pouco além. Eis que um dia, passando na frente do Jockey Clube em São Paulo, onde fica a CasaCor, me deparei com uma incoerência: Os convidados do evento esperavam seus táxis, caronas e o valet na frente da sáida. Qual o problema? Na frente da saída tinha uma ciclofaixa, ou seja, era proibido parar. Em meio a uma melhoria linda na cidade, um desrepeito tão grande com a cidadania era de confundir o julgamento. Alguns metros à frente a ciclofaixa não existia mais e era permitido parar. Porém, para aqueles convidados era muito mais cômodo atrapalhar o trânsito e interditar a ciclofaixa para não ter que desgastar seus lindos solados vermelhos dos sapatos de salto alto.
Parece que esse é um famoso caso de “comunicação de fachada”. Literalmente. A intenção da reforma foi muito positiva e volto a elogiar o resultado. Porém de nada adianta se o valet, também responsabilidade do evento, não respeita os direitos dos ciclistas ou dos próprios motoristas que sofriam com o trânsito criado no lugar sem nenhuma necessidade. Parece que o conceito City Friendly de toda a ação não atingiu muito bem os convidados também. A ideia é boa e se todo mundo fizesse igual a cidade seria um lugar melhor de se andar (de salto alto ou não)